Não chegamos ao fundo do poço

Há uma década atrás, ninguém acreditaria que um time desconhecido, como o Independente, venceria o gigante Clube do Remo na semifinal do 2º turno do Campeonato Paraense, resultado que tiraria o Leão da final do torneio, da Copa do Brasil do ano seguinte, e da (humilhante) Série D. E jogando MUITO. Vitória merecida, essas coisas… Não, o Remo é imortal, imbatível.
A década passou. Na realidade do futebol paraense do 3º milênio, o que vemos é uma ascensão cada vez mais acentuada e plural dos clubes do interior no cenário estadual, sempre dominado pelo azul, seja marinho, seja celeste. Mas não pense você que este fenômeno seja causado pela grande evolução técnica e estrutural de times como Cametá, Independente, Águia e São Raimundo (que já tem um título nacional – a Série D de 2009 – na bagagem). Além disso, o que aconteceu foi a visível queda livre em que os nossos maiores times, Remo e Paysandu, entraram. Sem ainda ver o chão.
Quando o Paysandu ainda estava na SÉRIE A do Campeonato Brasileiro, há apenas 6 anos, e o Remo fazia boas campanhas na Série B e no Parazão, poucos eram os que se engraçavam no meio dos dois, que já eram favas contadas nas decisões. Hoje, enquanto o Papão amarga uma 3ª divisão há 4 temporadas, e o Leão sequer consegue vaga para disputar o limbo do nosso futebol (como aconteceu em 2009), surgem times que deixam de ser surpresas. Ganham dos “grandes” dentro e fora de casa, nem Mangueirão, nem Baenão ou Curuzú botam medo.
Ok, houve um grande avanço por parte de diversos destes clubes interioranos, como o Águia de Marabá, que ficou a um gol da Segundona de 2009, e o próprio São Raimundo, que foi o pioneiro em títulos nacionais, entre times do interior do estado. Os próprios Cametá e Independente, que decidirão a Taça Estado do Pará, uma vaga na final, na Série D e na Copa do Brasil do ano que vem, cresceram como time, ganharam o apoio dos torcedores, que passam a respeitar cada vez mais o pavilhão que ostenta as cores e o futebol de suas terras.
Porém é inegável que tudo isso foi (e é) fomentado pela incompetência de pseudo-cartolas da capital, que fingem entender de futebol, enquanto o time finge estar funcionando. Gestão. Essa é a chave, é aí que Remo e Paysandu estão errando. Pecam pelo mito idiota de que “quantidade é o que conta”. De que adianta trazer 500 jogadores no início da temporada, se antes da primeira metade do campeonato, mais da metade foi embora, trocada por mais 500? Estratégias equivocadas, um show de bolas fora, e no fim, quem paga o pato somos nós, os torcedores.
Sempre nós, iludidos pela paixão, independente de quem comande o clube. Mesmo assim, não podemos deixar que isto seja tudo. Apenas o senso crítico nos faz perceber que o futebol paraense não tem perspectivas de solução, enquanto a mentalidade bairrista e burra de quem manda não mudar. Enquanto isso não acontecer, vamos nos acostumando a quebrar a cara, e nos espantarmos com o espetáculo deprimente, que a cada dia ganha mais um ato melancólico. Ontem foi a vez do Remo, amanhã não se sabe. Nós ainda estamos muito longe do fundo do poço…

GUSTAVO FERREIRA, 18, torcedor do Paysandu, amante do bom futebol e indignado com o nosso.
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