A (verdadeira) Seleção Brasileira

FOTO: Fabricio Benson/ Reuters

O que incomodou mais o brasileiro que ama futebol, neste fim de semana? O empate dos homens na Copa América, com direito a mais uma atuação pífia de um aglomerado de jogadores, com alguns talentos – inda adormecidos – e sem o mínimo de unidade e objetividade? Ou a eliminação penosa das meninas no Mundial da Alemanha, um jogo marcado por infelicidades e muita vontade?
Tenho certeza que, pelo tom das minhas palavras, ficou clara a minha resposta. E a sua?
Antes da Copa do Mundo de 2010, o país inteiro – inclusive eu – pedia vários jogadores, naquele momento as nossas maiores esperanças na busca pelo hexa, que não veio. Um ano depois, a Seleção dos sonhos de qualquer torcedor brasileiro nos faz refletir sobre o que aconteceria se, na África do Sul, o time de hoje jogasse como hoje. As chances de um fiasco semelhante acontecer não seriam pequenas.
Na verdade, não há Seleção, não há um time. O que nós vemos jogar na Argentina é apenas meia dúzia de promessas furadas, jogadores sem comprometimento e cheios de pose. É pouco para honrar as cinco estrelas que carregam e defendem no peito. É óbvia e completamente justificável a revolta em ver a ausência de tática, os erros crassos de uma defesa sempre elogiada, e a displicência de um ataque tão exaltado, que não amedronta potências mundiais, como Venezuela e Paraguai. Temos nomes badalados. É pouco.
Quanto à Seleção Feminina… Só de imaginar que essas guerreiras, que não recebem um décimo do apoio merecido, pela própria CBF, e conseguem orgulhar um país, em um esporte tão patriarcal, elas merecem aplausos de pé. Vocês devem lembrar da final olímpica de 2008, da final do Mundial de 2009, e talvez não recordem destes jogos pelo amargo das derrotas, mas pelo brilhantismo das atuações brasileiras. E os 100 mil no Maraca, na final do Pan de 2007, que nos rendeu o ouro?
A eliminação deste domingo, nos penais, foi sofrida por como se desenvolveu. Um gol contra de Daiane no comecinho, um lance de azar. Depois, a virada com os pés da melhor do mundo, Marta. No fim, nos acréscimos da prorrogação, em uma saída errada da ótima goleira Andreia, o empate. Ali recebemos um banho de água gelada. As meninas chegaram aos pênaltis com um gosto indigesto. O destino quis que, dos pés da mesma Daiane, a cobrança defendida e o adiamento de um sonho.
Encher os olhos do País do Futebol cabe aos homens, os craques, a cara do futebol brasileiro para o mundo inteiro. Será que não é este o momento de começarmos a valorizar mais uma equipe, que leva a alegria, a ginga e a emoção de vestir o manto sagrado canarinho, para os quatro ventos? Sim, valorizarmos o que temos, e não respeitamos como deve. Cristiane, Erika, Marta e Cia. Ainda não escreveram a história do esporte, como Pelé, Zico e Ronaldo. Para que escrevam, depende de nós, do nosso reconhecimento, do nosso apoio, dos nossos aplausos.
Ironicamente, o que mais incomodou o Brasil neste fim de semana não foi o fiasco contra o Paraguai. Foi a queda diante dos Estados Unidos. Um time que caiu de pé. 

GUSTAVO FERREIRA, 19, torcedor brasileiro, orgulhoso por elas, frustrado por eles. 
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