Goleiro ajuda São Paulo a vencer o Galo, a liderar o Brasileirão, e a levar 63 mil torcedores ao Morumbi, em tarde de recordes
Gustavo Ferreira
A 22ª rodada do Campeonato Brasileiro começou em um feriado, 7 de setembro, dia da Independência do Brasil. Incoerente com o que acontece entre São Paulo, Rogério Ceni e a torcida tricolor: a dependência entre eles é maior do que o próprio futebol, supera quaisquer padrões atuais do esporte brasileiro, e que se justifica em tardes como a desta quarta.
O adversário era o Atlético MG, que vinha de duas vitórias seguidas, tentando fugir da zona de rebaixamento. Outro adversário? O próprio Morumbi. O São Paulo não vencia em sua casa há três rodadas, e já ensaiava uma “crise de mandante”. A torcida não estava tão empolgada, a média não era boa nos jogos anteriores, mas nada que o maior goleiro artilheiro do planeta não resolvesse.
![]() |
Mais de 60 mil pagantes, recorde de público do Brasileirão 2011 (Foto: Marcos Ribolli/Globoesporte.com) |
Ele chamou pra festa muitos convidados. 60 mil pagaram, outros também assistiram. Recorde de público deste Brasileirão quebrado (e de longe, superando os 42 mil torcedores que viram Flamengo e Corinthians, no Engenhão, em 5 de junho), mais um na lista de Rogério Ceni. 104 gols na carreira (um deles contra o Paysandu, no Mangueirão, e eu vi, obviamente sem poder comemorar, senão eu voava da torcida do Papão), o jogador que mais vezes jogou pelo Campeonato Brasileiro (no geral e por um mesmo clube), o paranaense de Pato Branco (daí) colocou mais um dígito na sua lista. 1000 jogos pelo Tricolor.
PREDESTINAÇÃO E JOGO SÉRIO Mas a comemoração não era apenas pelo jogo simbólico. Há exatos 21 anos, o então menino, de 17 anos, chegou ao Tricolor Paulista, sem sequer imaginar a história que construiria ao longo das últimas duas décadas. Em coletiva, na véspera do jogo, Rogério se disse “predestinado”, por conta da coincidência das datas.
Antes de comemorar, porém, havia um embate pela frente. O jogo contra o Galo era importante, valia a possível liderança da competição (já que o Timão só joga amanhã, contra o Flamengo). E quem fez questão de mostrar aos visitantes que a tarde seria dos donos da casa foi Lucas. O craque abriu o placar aos 25 SEGUNDOS de jogo. Réver, o zagueiro, empatou de cabeça.
E esse foi o único momento que Rogério não fará questão de lembrar do jogo de hoje. O São Paulo jogou melhor, e o gol de desempate não demoraria. Não demorou nem 6 minutos do 2º tempo. Dagoberto acertou um chutaço e fez a festa dos quase 70 mil presentes no Morumbi, e de todos os milhões de torcedores do São Paulo.
Se alguém quiser uma análise completa do jogo… Procura em um site decente.
APOTEOSE Após o árbitro Péricles Bassols apitar pela última vez no jogo, finalmente Rogério pode comemorar como esperava, o seu milésimo jogo. Com vitória. Com festa. Com um Morumbi lotado. “Isso aqui é minha vida” Obrigado!”, gritou o ídolo, após beijar o escudo do time que o consagrou, e que ele mesmo ajudou a consagrar.
![]() |
Rogério saúda os torcedores após a vitória (Foto: Marcos Ribolli/ Reprodução Globoesporte.com) |
Campeão paulista, brasileiro, Mundial de Clubes e pela Seleção (reserva, é verdade, mas não passou o vexame de ser rebaixado cinco meses depois…), Rogério, que tem contrato com o São Paulo até o fim de 2012, não pensa em superar Pelé, como o jogador que mais vezes defendeu um clube na história do futebol mundial (1114 jogos). Mas, pensando bem, o são-paulino já é craque, quando o assunto é quebra de marcas.
E O CAMPEONATO? Depois da vitória, o Tricolor assumiu a ponta provisoriamente, com 41 pontos, e seca o Corinthians, único que pode lhe passar. O Galo continua na 17ª posição, com seus 21 pontos e um fantasma rondando. Na próxima rodada, o São Paulo vai ao Olímpico, vencer o Grêmio, enquanto o Atlético recebe o Bahia, em Minas. Os dois jogos serão às 18 horas do domingo (11).