Divisão do Pará é tema de debate acalorado em Belém

Políticos, professores e técnicos participaram do evento, promovido pelo Sindicato dos Jornalistas, e realizado no Auditório da OAB nesta quinta (08).

Gustavo Ferreira
A três meses do plebiscito de 11 de dezembro, o Sindicato de Jornalistas do Pará (Sinjor) promoveu um encontro para discutir e tentar esclarecer certas dúvidas sobre a divisão do Pará. Defendendo suas posições, políticos e professores falaram para um público de acadêmicos de comunicação, jornalistas, advogados, entre outros, no Auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/PA), no bairro da Campina, na noite desta quinta (08).
Público em peso no debate sobre a divisão do Pará (Foto: Gustavo Ferreira)
Mediado pelo Secretário de Interior do Sinjor, Raimundo Sena, compuseram a mesa inicial os professores Manuel Dutra, Edir Veiga e Roberto Corrêa, da UFPA, e os deputados Zenaldo Coutinho, Alexandre Von, João Salame e Edmilson Rodrigues, além do advogado e conselheiro da OAB, Robério de Oliveira.
DIVIDIR NÃO É A SOLUÇÃO Contrário à divisão do Pará, Edmilson Rodrigues (PSOL) afirma que o estado tem grande potencial de desenvolvimento, atrapalhado pela famosa Lei Khandir (ENTENDA). “O Pará não pode continuar a ser almoxarifado do Brasil”, diz. Para ele, a solução para os problemas, como o abandono, comum a todo o território, não é a separação, e sim uma grande reforma estrutural interna, para melhorar a situação do povo.
Zenaldo Coutinho (PSDB) também culpa a Lei Kandir e a tributação energética como um dos entraves para o desenvolvimento pleno do Pará inteiro, além de criticar o fato de que não houve uma consulta pública para a elaboração básica do projeto de divisão, e que os “separatistas” não queriam que todo o Pará votasse.
DEBATE TÉCNICO Manuel Dutra fez um apanhado histórico, para defender a criação do estado do Tapajós, dizendo que não é de hoje a intenção formal de remarcar o território amazônico. “Nunca foi debatido, de fato, este tema antes do plebiscito. Mas os limites territoriais sempre foram um tabu no Brasil”, segundo o professor, que o Governo Estadual boicota historicamente o potencial de desenvolvimento da região do Tapajós, dando como exemplo a tentativa de impedir a construção da Santarém-Cuiabá.
Edir Veiga, também discente da UFPA, contrário à divisão, diz que Belém alimenta toda a região metropolitana, e que os municípios desta zona (Marituba, Santa Bárbara, etc.) são parecidos com outras cidades do interior do Estado, na falta de infra-estrutura e de serviços públicos. Segundo ele, o problema não está no Estado em si, e sim nos próprios municípios. “Multiplicar os estados não é a solução. O jeito seria uma reforma política nos municípios, otimização dos investimentos nas suas áreas. Há dinheiro, mas não chega ao povo. Isso sim chegaria até as pessoas, de fato”.

Pró-Carajás, João Salame (PPS) defende a criação do novo estado por meio de estatísticas que mostram a divisão como algo benéfico para os três novos territórios. “O Fundo de Participação dos Estados (FPE), verba destinada pelo Governo Federal, passaria dos atuais R$ 2,3 bi para R$ 4,4 bi, caso o Pará fosse dividido. Além disso, a parcela do Pará remanescente no ICMS seria maior”, entre outros dados. Segundo o deputado, o Estado não consegue bancar os serviços básicos na região do Carajás, e que o sudeste  não quer ver o Norte mais forte, politicamente representado na Câmara e no Senado.
HUMOR E NÚMEROS A parte mais burocrática (e divertida do encontro) foi a fala do professor e cientista político Roberto Corrêa, que mostrou como o cenário político seria alterado após as divisões. “PMDB, PSDB e PT continuariam a mandar no território, mesmo com os novos estados”. Neutro, Roberto expôs os novos nomes da composição política do Pará, de Carajás e Tapajós, onde “todos ganhariam”.
Por fim, Robério de Oliveira, advogado e conselheiro da OAB/PA fez suas considerações. Louvando a iniciativa do Sindicato, Robério disse que há uma carência de informações sobre o tema, e põe a OAB à disposição para esclarecer a população. “A questão se resolverá em debates, onde surgirá o ‘sim’ ou o ‘não’ nesta decisão”, afirmou.
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Rogér1000

Goleiro ajuda São Paulo a vencer o Galo, a liderar o Brasileirão, e a levar 63 mil torcedores ao Morumbi, em tarde de recordes

Gustavo Ferreira
A 22ª rodada do Campeonato Brasileiro começou em um feriado, 7 de setembro, dia da Independência do Brasil. Incoerente com o que acontece entre São Paulo, Rogério Ceni e a torcida tricolor: a dependência entre eles é maior do que o próprio futebol, supera quaisquer padrões atuais do esporte brasileiro, e que se justifica em tardes como a desta quarta.
O adversário era o Atlético MG, que vinha de duas vitórias seguidas, tentando fugir da zona de rebaixamento. Outro adversário? O próprio Morumbi. O São Paulo não vencia em sua casa há três rodadas, e já ensaiava uma “crise de mandante”. A torcida não estava tão empolgada, a média não era boa nos jogos anteriores, mas nada que o maior goleiro artilheiro do planeta não resolvesse.
Mais de 60 mil pagantes, recorde de público do Brasileirão 2011 (Foto: Marcos Ribolli/Globoesporte.com)
Ele chamou pra festa muitos convidados. 60 mil pagaram, outros também assistiram. Recorde de público deste Brasileirão quebrado (e de longe, superando os 42 mil torcedores que viram Flamengo e Corinthians, no Engenhão, em 5 de junho), mais um na lista de Rogério Ceni. 104 gols na carreira (um deles contra o Paysandu, no Mangueirão, e eu vi, obviamente sem poder comemorar, senão eu voava da torcida do Papão), o jogador que mais vezes jogou pelo Campeonato Brasileiro (no geral e por um mesmo clube), o paranaense de Pato Branco (daí) colocou mais um dígito na sua lista. 1000 jogos pelo Tricolor.
PREDESTINAÇÃO E JOGO SÉRIO Mas a comemoração não era apenas pelo jogo simbólico. Há exatos 21 anos, o então menino, de 17 anos, chegou ao Tricolor Paulista, sem sequer imaginar a história que construiria ao longo das últimas duas décadas. Em coletiva, na véspera do jogo, Rogério se disse “predestinado”, por conta da coincidência das datas.
Antes de comemorar, porém, havia um embate pela frente. O jogo contra o Galo era importante, valia a possível liderança da competição (já que o Timão só joga amanhã, contra o Flamengo). E quem fez questão de mostrar aos visitantes que a tarde seria dos donos da casa foi Lucas. O craque abriu o placar aos 25 SEGUNDOS de jogo. Réver, o zagueiro, empatou de cabeça.
E esse foi o único momento que Rogério não fará questão de lembrar do jogo de hoje. O São Paulo jogou melhor, e o gol de desempate não demoraria. Não demorou nem 6 minutos do 2º tempo. Dagoberto acertou um chutaço e fez a festa dos quase 70 mil presentes no Morumbi, e de todos os milhões de torcedores do São Paulo.
Se alguém quiser uma análise completa do jogo… Procura em um site decente.
APOTEOSE Após o árbitro Péricles Bassols apitar pela última vez no jogo, finalmente Rogério pode comemorar como esperava, o seu milésimo jogo. Com vitória. Com festa. Com um Morumbi lotado. “Isso aqui é minha vida” Obrigado!”, gritou o ídolo, após beijar o escudo do time que o consagrou, e que ele mesmo ajudou a consagrar.
Rogério saúda os torcedores após a vitória (Foto: Marcos Ribolli/ Reprodução Globoesporte.com)
Campeão paulista, brasileiro, Mundial de Clubes e pela Seleção (reserva, é verdade, mas não passou o vexame de ser rebaixado cinco meses depois…), Rogério, que tem contrato com o São Paulo até o fim de 2012, não pensa em superar Pelé, como o jogador que mais vezes defendeu um clube na história do futebol mundial (1114 jogos). Mas, pensando bem, o são-paulino já é craque, quando o assunto é quebra de marcas.
E O CAMPEONATO? Depois da vitória, o Tricolor assumiu a ponta provisoriamente, com 41 pontos, e seca o Corinthians, único que pode lhe passar. O Galo continua na 17ª posição, com seus 21 pontos e um fantasma rondando. Na próxima rodada, o São Paulo vai ao Olímpico, vencer o Grêmio, enquanto o Atlético recebe o Bahia, em Minas. Os dois jogos serão às 18 horas do domingo (11).