Hoje é um dia triste para todas as classes. Os humoristas perderam seu maior criador, os telespectadores, sua opção de diversão mais genuína. Os pensadores deste país, uma referência. Os atores, um exemplo. O mundo, um gênio.
Chico Anysio. Um nome ligado a piadas, mas acima de tudo, uma tendência indiscutível para a novidade. Os mais antigos, claro, podem dizer mais do que eu, o quanto ele foi importante para a construção do imaginário popular que salvou muitas vidas da depressão, do medo, da opressão e da chatice. Como é bom sorrir!
Ele sabia fazer, sempre soube. De várias formas, com vários crachás. Um Bozó, narigão empinado, Alberto Roberto. Com seus “erres” carregados, Salomé fazia de sua amizade com o presidente – João Figueiredo, o último militar – a voz de quem não tinha. A voz de um povo inteiro. Ele era, ele deu a voz e a vida a tipos brasileiros por excelência.
Velhos, atletas, professores. Quem não aprendeu a ser feliz na carteira da Escolinha, uma aula eterna de talento. 65 anos de uma carreira heterônima. 209 personagens, 210 faces de um homem raro. Quem teve a chance de acompanhar sua trajetória, e nem sempre soube reconhecer seu valor, hoje pode nem perceber, mas de sua fonte muitos outros beberam.
Sorte nossa. Sorte nossa que há salvação, em meio a tanta besteira que faz rir. Qual o sentido do humor hoje? Humilhação? Escatologia gratuita? Bullying? Quantos como ele ainda virão? Ainda virão? Talvez até mais engraçados. Duvido muito que tão inteligentes.
1931 – 2012