(Se você não gosta de spoilers, talvez possa não gostar muito desse texto).
Nesta sexta-feira (26), chegou ao Brasil o aguardado 007 – Operação Skyfall, 23º filme da saga cinquentenária de James Bond. Os quatro anos de espera desde o normal Quantum of Solace (2008) se transformaram em décadas nas últimas semanas, com a divulgação de fotos, trailers e críticas, que diziam ser Skyfall o melhor filme da saga mais duradoura e famosa do cinema mundial. Com razão.
Em 142 – velozes – minutos, o que podemos ver é um conjunto de acertos. O diretor, Sam Mendes, vencedor do Oscar por Beleza Americana (1999), foi feliz ao mergulhar nos personagens de maneira humana, mostrando suas fraquezas e, principalmente, deixando claro que, obviamente, o tempo passa.
O tempo, aliás, permeou toda a história com destaque. Não estamos diante de um Pierce Brosnan intocável, inexpressivo, nem de um Sean Connery encharcado de formol – com todo respeito aos atores. Bond envelheceu. Não estamos mais em 1962, ano de estreia de Dr. No, primeiro filme da série, quando a Guerra Fria era realidade. O MI6 foi posto em xeque. Até que ponto os agentes a serviço de Sua Majestade ainda são necessários?
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M e seu lado mais sombrio, em atuação forte de Judi Dench. |
Até que ponto a confiança pode ser abalada? Pela primeira vez, M teve seu passado exposto, por um erro do presente, que poderia prejudicar o futuro da segurança mundial. Quem ganhou com isso foi o publico, que viu Judi Dench brilhar como nunca na saga. As atitudes da chefona do serviço secreto britânico foram aprofundadas e, de quebra, serviram de combustível para o vilão da história.
Raoul Silva, um grande filho da mãe, sádico e extremamente fatal. Javier Bardem reviveu os áureos tempos de Goldfinger e Scaramanga, e criou um tipo histórico na franquia. O roteiro de Skyfall foi generoso com o vilão, e o espectador agradeceu. Há alguns filmes, não havia um motivo tão forte para tantas maldades. Merece Oscar pela interpretação fantástica e pela coragem para descolorir os cabelos.
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Raoul Silva, o já histórico vilão de Skyfall |
A reinvenção de Bond começou em Casino Royale (2006), e fez um bem enorme ao agente. Em Skyfall, ícones da saga estão de volta. Lembram do Q, criador das mais absurdas quinquilharias mortíferas usadas pelo 007? Voltou, dessa vez como um jovem nerd – mais um exemplo do “admirável mundo novo”, como diz o próprio Bond. O invento da vez: uma pistola e um rádio-transmissor. Nesse filme, se comprova o fato de que, algumas vezes, as coisas funcionam melhor à moda antiga.
E 007 sem um Aston Martin não é 007. Desta vez, Bond volta no tempo e embarca em um dos mais famosos da história, o clássico BD5 de Goldfinger(1964). Skyfall é um balaio de referências à própria história de 50 anos da saga. O grande exemplo é a melhor sequência do filme – em minha opinião – reunindo o carro, o espião, sua chefa e a trilha sonora original, marcante, da série.
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Duas lendas do cinema: James Bond e o Aston martin DB5. |
Falando em música, Adele foi um achado para os produtores, e um grande presente aos fãs. A canção-tema, homônima do filme, traz o tom perfeito à história de conflitos e perdas de Skyfall. Em conjunto com a abertura, forma uma peça rara, esteticamente impecável. Uma das melhores, com entrada merecida para o hall onde estão Paul McCartney, Chris Cornell e Tom Jones.
A ação em si foi coadjuvante, mas não desprezada. Nem poderia. As lutas cruas, sangrentas e reais do filme são dignas de entrar no Top 10 da franquia. Bem como os diálogos. Daqui a alguns anos, quando renovarem a lista das cenas mais marcantes de todos os filmes de 007, muitas serão de Skyfall. Destaque para os confrontos entre Bardem e Craig.
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Craig, mais uma vez impecável no papel de 007. |
Daniel Craig, que em seu terceiro filme na pele do agente, fez seu melhor trabalho. Versátil e talentoso, em cenas que vão da luta sobre um trem ao choro – sim, ao choro. Naomie Harris também brilhou, bem como a bond girl Berenice Marlohe. Destaque também para Ralph Fiennes – ou Lord Voldemort – que, certamente, estará nos próximos filmes, em um papel importante. Na verdade, uma substituição. Assistam.
Em resumo, Skyfall é uma grande homenagem aos 50 anos do espião mais famoso do cinema, a obra-prima de Ian Fleming. A franquia se renova e mostra ter gás para mais aventuras – duas sequências já estão confirmadas com Craig no papel principal. O conjunto da obra faz de Skyfallo melhor dos filmes da saga. Um filme para ver, rever e guardar na estante.
FERREIRA, GUSTAVO FERREIRA. 20, e longe de ser um crítico de cinema.
Imagina se fosse crítico de cinema, não é? Rs. Depois de ler, além de sentir vontade de assistir Skyfall, bateu também a vontade de rever os outros filmes. Parabéns pelo texto. ^^
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O funcionário Q nunca havia sido criador de nada.
saudações,
espiaocarioca
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Preferi assistir primeiro, pra só depois ler o post.
Concordo com tudo, o filme, de fato, é sensacional.
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