RESENHA: Nos pênaltis e nas mãos de Júlio Cesar, Brasil nas quartas!


Em tarde ruim para nós no Mineirão, Chie cresce, empata, para no travessão e no camisa 12 da Seleção

Gustavo Ferreira
Júlio Cesar garantiu a sofrida classificação brasileira às quartas da Copa. (Foto: FIFA)
Essa resenha demorou para sair. Não foi fácil se recuperar da partida mais longa desta Copa do Mundo. Tinha que ser com a gente? Assim como essa crônica, a Seleção Brasileira demorou muito para se garantir nas quartas de final. 120 minutos, alguns acréscimos e 10 cobranças de pênaltis, para ser mais exato. No fim, Brasil e Chile empataram em 1×1 no Mineirão, em Belo Horizonte no tempo normal, e 3×2 nos pênaltis a nosso favor.

Mas vamos começar do começo. Brasileiros e chilenos disputaram quem cantaria mais alto e forte seus hinos. Deu Brasil. No campo, David Luiz abriu o placar em um gol “meio-contra” aos 18 minutos de jogo, após cobrança de escanteio. Neymar já tinha perdido uma chance boa de chutar. O Brasil não conseguia armar jogadas, mas ainda esperava. O Chile, embalado, começou a gostar do jogo. Posse de bola maior, marcação em cima…
Aos 32 do primeiro tempo, um presentaço aos convidados. Marcelo cobrou escanteio na esquerda da zaga, Hulk tentou tocar de primeira e sobrou para Alexis Sanchez, dentro da área. 1×1. Nesse momento, a torcida do Mineirão sentiu que a tarde não seria tão boa. Os jogadores de amarelo também. Melhor para os comandados do argentino Jorge Sampaoli. Chi Chi Chi! Le Le Le!
Sanchez, do Barcelona, empatou para o Chile ainda no primeiro tempo. (Foto: Reuters)
No segundo tempo, a expectativa de que o Brasil viesse mais ofensivo, com alterações, com mais controle de bola. Nada disso! O que vimos (para azar dos nossos olhos e corações) foi um banho de água fria dado pelos adversários. Tá certo que o árbitro inglês Howard Webb pode ter nos prejudicado em um gol mal anulado de Hulk, mas não vamos entrar nesse mérito. Parece choro.
Oscar não conseguia jogar bem, preso na lateral direita, e foi substituído por Willian. Ramires entrou no lugar de Fernandinho. Não adiantou muito. O Chile continuava no nosso campo, tocando bola, lançando na área e dando trabalho ao goleiro Júlio César. Ele chegou a fazer uma ótima e salvadora defesa em chute de Aranguiz. E esse ainda não seria seu grande lance na Copa.
Veio a prorrogação, depois de 16 anos (desde a vitória na semifinal do Mundial de 98, na França, contra a Holanda). Curiosamente, as coisas se inverteram. O Chile jogava como se esperasse os penais, e o Brasil acertou seu jogo. Domínio de bola, tranquilidade (se é que era possível) e boas chances, principalmente com Jô, colocado por Felipão no lugar de Fred.
E como são as coisas! No último minuto do último dos tempos de jogo, ganhamos um décimo terceiro jogador em campo: o travessão, onde explodiu o chutaço de Pinilla. Estávamos salvos até então. Que viessem os pênaltis.
Era inegável a decepção com o desempenho do nosso time. Os torcedores estavam receosos, os jogadores demonstravam cansaço físico e emocional, enquanto os vermelhos estavam cada vez mais acostumados com a fantástica ideia de um “Mineirazo”. Mas David Luiz, o homem do nosso gol, marcou de novo abrindo a série dos tiros livres.
David Luiz fez o gol do Brasil no tempo normal e abriu caminho para nossa classificação nos pênaltis.
(Foto: Reuters)
E foi a partir aí que um jogador se vestiu de herói. Com camisa cinza e coração verde e amarelo, Júlio César defendeu duas cobranças, ofuscou as cobranças perdidas por Willian e Hulk, e no fim nem viu a bola de Jara bater na trave esquerda, passar por trás dele e caminhar para longe do gol. 3×2. No fim, vencemos.
O Chile foi forte, uma das sensações da Copa, time valente e, acima de tudo, bom. Finalmente eles despontam como uma grande força sulamericana. E isso foi ótimo para nós.  Vencemos de uma grande equipe. E sim, o Brasil precisa mudar e muito para as quartas, na sexta-feira, em Fortaleza. Mas por enquanto, vamos respirar e descansar o corpo e o coração.
Júlio César. Sem mais.

Colômbia ou Uruguai. Um deles será o próximo adversário do Brasil nas quartas de final, sexta-feira no Castelão, em Fortaleza, às 17h.
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RESENHA: Seleção mantém escrita, goleia Camarões e passa em primeiro


Brasil segue sem perder para africanos em Mundiais; sensação Chile é o adversário nas oitavas

Gustavo Ferreira
Neymar é decisivo na goleada do Brasil sobre Camarões. (Foto: Getty Images)
O Brasil chegou ao Estádio Nacional, em Brasília, pressionado por ainda não ter a vaga garantida às oitavas de final, enquanto seleções como Chile, Colômbia e Costa Rica já estavam na próxima fase. Mas um fato já podia ser considerado um bom presságio: o adversário era Camarões. A despeito de já estar eliminada, a seleção africana podia ajudar o Brasil a manter uma escrita. Ajudou. Nunca perdemos (sequer empatamos) com uma seleção da África em Copas. E não foi dessa vez que a lógica se inverteu.

Zaire, Argélia, Marrocos, Gana e Costa do Marfim, alpem dos próprios camaroneses já foram vítimas em Mundiais passados. E como na campanha do tetra, em 1994, nossa Seleção goleou o time de Eto’o (que nem jogou e talvez tenha se despedido das Copas). Goleou com convicção, bem disposta em campo e inteligente ao aproveitar as falhas do adversário. 4×1. Primeiro lugar no grupo A, vaga na mão.
O primeiro gol saiu dos pés do iluminado, criticado, decisivo. Maduro, Neymar abriu o placar aos 16 minutos de partida, completando grande jogada de Luiz Gustavo pela esquerda: roubou a bola na raça, correu e cruzou rasteiro, até a bola chegar no camisa 10. Sozinho, de frente pro goleiro, gol. Não era Ochoa. Amém!
Fred também se destacou na partida, com seu gol pra desentalar o grito e mostrar que está vivo na Copa. (Foto: Reuters)
Mas nada de euforia! Depois do gol, o Brasil fez minutos ruins, instáveis, deixando Camarões tocarem bola no campo de ataque, sem controle no meio. Depois de várias tentativas de bolas alçadas na área, o gol de empate saiu de uma bola não coberta por Daniel Alves na ponta. Nyom cruzou e Matip, sozinho, fez.
E só. Depois, os camaroneses apostaram na violência, e o Brasil, na categoria de um rapaz chamado Neymar. Argentina, fique com seu Messi, que nós temos o nosso cara! Ele recebeu a bola na frente da área, driblou e chutou, tirando do goleiro Itandje. Fim do primeiro tempo. Início do fim da aflição brasileira.
No segundo tempo, Felipão tirou Paulinho, que ainda não apareceu nesta Copa, e entrou com Fernandinho. Mudou o jogo. Mais movimentação, invertidas de bola e firmeza no meio de campo. Assim, foi mais fácil botar Camarões na roda. Até Fred fez gol! Cruzamento na área de Marcelo, o suficiente para o centro-avante desencantar.
A partir daí, começou a pressão… Do México. Em Recife, os mexicanos foram marcando, marcando, marcando. 3 gols na Croácia, e a liderança do Brasil estava ameaçada. A Holanda começava a pintar como adversária nas oitavas, Van Gaal e Felipão iriam se cruzar… Fernandinho não deixou. De bico, fez o quarto, sacramentou a goleada brasileira e deu à maioria dos 69 mil torcedores em Brasília (e aos 200 milhões de torcedores) a tranquilidade da liderança. Dever de casa feito. Estamos nas oitavas.
Fernandinho entrou e mudou a cara da Seleção: camisa 5 se mexeu, deu opções e fechou a goleada. (Foto: Reuters)
No centésimo jogo da Seleção Brasileira em Copas do Mundo, Neymar brilhou. Artilheiro da Copa com quatro gols, destaque do Brasil, revelação do mundial, eleito pelos torcedores no site da FIFA como o Homem do Jogo (pela segunda vez). Fernandinho decisivo, Luiz Gustavo valente, Marcelo bem na movimentação, Fred mais presente e a zaga mais uma vez bem também merecem aplausos.
Agora é mata-mata! Nas oitavas, o Brasil enfrenta a sensação Chile, segundo colocado no grupo B, às 13h de sábado, no Mineirão. O México, outro garantido no grupo do Brasil, vai enfrentar a poderosa Holanda, 100% na Copa. Esse jogo será domingo, às 13h, no Castelão. E se retrospecto der resultado, as expectativas podem ser das melhores pra nós: nos dois últimos encontros entre brasileiros e chilenos, duas oitavas (1998 e 2010) e duas goleadas: 4×1 na França e 3×0 na África do Sul.

Elas em campo

Repórter E entrevistou duas craques do blog “Donas da Bola”, que faz da paixão pelo esporte um veículo de informação e emoção

Gustavo Ferreira
Integrantes do Donas da Bola ao lado de Zico, padrinho do projeto. (Foto: Acervo / Donas da Bola)
O futebol é um esporte essencialmente coletivo, em todos os sentidos, desde os times em campo até os amigos reunidos em uma mesa de bar, teorizando, especulando, xingando e torcendo pelo seu clube ou seleção. E quando esses amigos são, na verdade, amigas, as mesas redondas ganham um toque de charme. Na internet, uma reunião de torcedoras chama a atenção por ser um espaço exclusivamente delas, as Donas da Bola.

O blog surgiu em 2010 e, quatro anos depois, é a arquibancada onde 18n mulheres se encontram para falar sobre seus clubes do coração, com crítica e opinião, no site e nas redes sociais (Facebook, Twitter e Instagram). Foi assim que Eliane Cezar passou a integrar esse time, em maio de 2012, durante um clássico entre Remo e Paysandu, que completou 100 anos na semana passada: “Passei o clássico inteiro enviado informações para o twitter delas e, ao final da partida, me convidei para integrar o time. As meninas toparam ter uma representante da região Norte no projeto”.
Botafoguense, Eliane já viveu experiências inesquecíveis por conta do seu trabalho no Donas, inclusive com um grande flamenguista: “tenho um texto publicado no livro Simplesmente Zico, da Editora Contexto, onde assino o posfácio. Pude conhecer e conversar com ídolos do esporte, como o próprio Zico, padrinho do projeto, além de Ademir da Guia, Ricardo Gomes, o ex-zagueiro Tinho, que a torcida do Paysandu conhece bem, e o Gonçalves, zagueiro do meu Glorioso no Brasileirão de 1995”.
Eliane Cezar ao lado do zagueiro Gonçalves, campeão brasileiro de 95 pelo Botafogo. (Foto: Acervo Pessoal)
UM TIME, MUITAS TORCIDAS | Se engana quem pensa que o Donas da Bola é um clubinho de fãs de futebol apenas. No blog, cabem vários esportes. Há espaço para crônicas e informações sobre vôlei, basquete, tênis, baseball, automobilismo e até handebol, remo e MMA. No gramado, elas falam de suas paixões. Grêmio, Vitória, Corinthians, Figueirense, Palmeiras…
O Palmeiras do coração de Fernanda de Lima. “Não sei dizer exatamente quando surgiu meu interesse pelo futebol. Minhas primeiras lembranças são da Copa de 94. Mas a minha paixão nasceu mesmo com o Palmeiras”, conta a torcedora do alviverde imponente, que está assistindo a Copa na 11ª posição na tabela do Brasileirão.

Fernanda de Lima teve a chance de conversar com o rei Pelé. (Foto: Acervo Pessoal)
A jornalista, que também tem um blog e escreve sobre Fórmula 1 e tênis para o Donas, diz que o futebol foi decisivo na hora de escolher sua profissão, e ainda é no seu cotidiano: “Apesar de o esporte ter mudado tanto ao longo dos anos, de hoje se debater muito mais os fatores extracampo, acho que o esporte é muito parecido com a vida, ainda é muito humano e ainda nos proporciona as melhores histórias. Esses são os meus maiores estímulos”.

DONAS EM CAMPO | Eliane Cezar explica como funciona a rotina de produção das Donas, sempre buscando manter a credibilidade construída em quaro anos de vida: “Cada uma é responsável por sua coluna e tem liberdade tanto para a escolha de temas quanto para definir o gênero textual usado. Nossa regra principal é agir com bom senso em todos os sentidos: desde o nosso convívio, escolha e abordagem de temas e seleção de eventos dos quais participar”.

E na Copa do Mundo, na nossa casa, as meninas não perderam a chance de acompanhar tudo bem de perto. “Temos Donas da Bola espalhadas por diversos estados que recebem jogos da Copa, e algumas com acesso aos estádios. Nosso trabalho nessa Copa é focado na emoção, nos sentimentos causados por essa primeira Copa que temos a oportunidade de acompanhar no nosso país”, destaca Fernanda.

E haja emoção nesse Mundial! Até aqui, o Chile vem surpreendendo, com direito a eliminar a Espanha campeã do mundo; Messi fez gol, mas a Argentina levou sufoco da estreante Bósnia; a Costar Rica bateu Itália, Uruguai e eliminou a Inglaterra no Grupo D, o “grupo da morte”; e o Brasil não furou o bloqueio do goleiro mexicano Ochoa. Sobre a nossa Seleção, que luta pelo hexacampeonato, Eliane e Fernanda estão na torcida, mesmo discordando de algumas escolhas do técnico Felipão.

VÍDEO | Fernanda de Lima registrou a “ola” da torcida durante um dos cinco gols da Holanda sobre a Espanha, em Salvador. 


DEPOIS DO MUNDIAL | Com relação ao legado que essa Copa pode deixar no Brasil, Eliane critica: “É claro que ver um país com tantas demandas sociais investindo fortunas em estádios é revoltante, mas consigo diferenciar o esporte propriamente da discussão política. Na prática, sinceramente, não vejo grandes legados a não ser a memória de grandes jogos e o intercâmbio cultural que tem acontecido nas sedes”.
Fernanda acredita que, de todas as heranças que o torneio pode deixar no país, a maior será para o próprio futebol: “Uma Copa que, com as conturbações políticas, com obras inacabadas, tinha tudo para ser um fiasco, tem dado um banho de bola rolando. Os tais deuses do futebol estão nos abençoando e realmente fazendo dessa a Copa das Copas”. 

RESENHA: Goleiro mexicano brilha, torcida vaia e Brasil empata sem gols


Quis o destino que, em uma Copa de artilheiros, justo os donos da casa não mexessem no placar

Gustavo Ferreira
Fortaleza, 2013. Brasil e México se enfrentam pela Copa das Confederações. Arrasadora, nossa Seleção fez 2×0 e garantiu a vaga para as semifinais. Fortaleza, 2014. Brasil e México se enfrentam pela Copa do Mundo da FIFA. Em comum, apenas o canto da torcida e o coro no Hino Nacional. Quanta diferença! No jogo de hoje, um 0x0 indigno de um Mundial com média de 2.9 gols por partida. E olha que não faltaram chances!
Ochoa salva cabeçada de Neymar. Goleiro mexicano foi o destaque do 0x0 em Fortaleza. (Foto: Getty Images)

E se não houve gol hoje, na Arena Castelão, muito se deve à falta de efetividade das duas seleções. Os mexicanos, com Chicharito Hernandez no banco, assustaram poucas vezes, mas investiram na retranca e nos contra-ataques. Os brasileiros, mesmo sem volume de jogo e objetividade na armação de jogadas – até agora estou procurando o meio de campo do Brasil –, conseguiram chegar mais perto do gol.
Mas, no meio do caminho, havia um goleiro inspirado. Ochoa salvou, pelo menos, três bolas que tinham rumo certo. No primeiro tempo, o arqueiro mexicano parou uma cabeçada venenosa de Neymar e uma investida de Paulinho. No segundo, de novo parou Neymar e, quase no fim do jogo, tirou do capitão Thiago Silva a chance da torcida gritar gol. Ao invés disso, vaias.
Pela primeira vez, os torcedores brasileiros reprovaram o esquema de Felipão. Hulk não jogou, e Ramires não conseguiu substituir à altura o atacante. Daniel Alves e Marcelo foram os melhores em campo, enquanto Fred não teve a bola no pé. Neymar não conseguiu espaço para jogar, e Oscar, invertido no primeiro tempo, não rendeu como na estreia, contra a Croácia.
Felipão não conseguiu encaixar as substituições e, pela primeira vez em Copas,
não vence comandando o Brasil. (Foto: Agência EFE)
As substituições de Scolari também foram questionadas. Talvez Bernard tenha entrado cedo demais, no lugar de Ramires. Talvez sacrificar o esforçado Oscar ao invés de tirar Paulinho, muito ruim, tenha sido um erro. No fim das contas, o time todo não rendeu. Julio Cesar, quando exigido, foi bem. Uma única defesa, no fim, perigosa, mas salvadora.
No fim das contas, um 0x0 difícil de engolir. Amanhã, às 19h, Croácia e Camarões jogam na Arena da Amazônia. Um empate é o resultado ideal para o Brasil, que dependeria do empate contra os africanos na segunda-feira, em Brasília. O México saiu no lucro, mesmo jogando mal. Na verdade, o único a sair feliz da Arena Castelão, nesta noite, foi Ochoa.
Óbvio. Em um jogo tecnicamente sofrível, com dois times sem muita objetividade, o destaque foi a muralha mexicana chamada Ochoa. O goleiro impediu quatro possíveis gols do Brasil, mostrando se sair bem sob pressão. O resultado foi melhor para o México do que para nós, graças a ele.

Na segunda-feira, 17h, o Brasil decide a vida na sequência da Copa. Brasil x Camarões, no Estádio Nacional de Brasília. Já o México também pode se classificar se vencer a Croácia, no mesmo dia e horário, na Arena Pernambuco, em Recife.