Elas em campo

Repórter E entrevistou duas craques do blog “Donas da Bola”, que faz da paixão pelo esporte um veículo de informação e emoção

Gustavo Ferreira
Integrantes do Donas da Bola ao lado de Zico, padrinho do projeto. (Foto: Acervo / Donas da Bola)
O futebol é um esporte essencialmente coletivo, em todos os sentidos, desde os times em campo até os amigos reunidos em uma mesa de bar, teorizando, especulando, xingando e torcendo pelo seu clube ou seleção. E quando esses amigos são, na verdade, amigas, as mesas redondas ganham um toque de charme. Na internet, uma reunião de torcedoras chama a atenção por ser um espaço exclusivamente delas, as Donas da Bola.

O blog surgiu em 2010 e, quatro anos depois, é a arquibancada onde 18n mulheres se encontram para falar sobre seus clubes do coração, com crítica e opinião, no site e nas redes sociais (Facebook, Twitter e Instagram). Foi assim que Eliane Cezar passou a integrar esse time, em maio de 2012, durante um clássico entre Remo e Paysandu, que completou 100 anos na semana passada: “Passei o clássico inteiro enviado informações para o twitter delas e, ao final da partida, me convidei para integrar o time. As meninas toparam ter uma representante da região Norte no projeto”.
Botafoguense, Eliane já viveu experiências inesquecíveis por conta do seu trabalho no Donas, inclusive com um grande flamenguista: “tenho um texto publicado no livro Simplesmente Zico, da Editora Contexto, onde assino o posfácio. Pude conhecer e conversar com ídolos do esporte, como o próprio Zico, padrinho do projeto, além de Ademir da Guia, Ricardo Gomes, o ex-zagueiro Tinho, que a torcida do Paysandu conhece bem, e o Gonçalves, zagueiro do meu Glorioso no Brasileirão de 1995”.
Eliane Cezar ao lado do zagueiro Gonçalves, campeão brasileiro de 95 pelo Botafogo. (Foto: Acervo Pessoal)
UM TIME, MUITAS TORCIDAS | Se engana quem pensa que o Donas da Bola é um clubinho de fãs de futebol apenas. No blog, cabem vários esportes. Há espaço para crônicas e informações sobre vôlei, basquete, tênis, baseball, automobilismo e até handebol, remo e MMA. No gramado, elas falam de suas paixões. Grêmio, Vitória, Corinthians, Figueirense, Palmeiras…
O Palmeiras do coração de Fernanda de Lima. “Não sei dizer exatamente quando surgiu meu interesse pelo futebol. Minhas primeiras lembranças são da Copa de 94. Mas a minha paixão nasceu mesmo com o Palmeiras”, conta a torcedora do alviverde imponente, que está assistindo a Copa na 11ª posição na tabela do Brasileirão.

Fernanda de Lima teve a chance de conversar com o rei Pelé. (Foto: Acervo Pessoal)
A jornalista, que também tem um blog e escreve sobre Fórmula 1 e tênis para o Donas, diz que o futebol foi decisivo na hora de escolher sua profissão, e ainda é no seu cotidiano: “Apesar de o esporte ter mudado tanto ao longo dos anos, de hoje se debater muito mais os fatores extracampo, acho que o esporte é muito parecido com a vida, ainda é muito humano e ainda nos proporciona as melhores histórias. Esses são os meus maiores estímulos”.

DONAS EM CAMPO | Eliane Cezar explica como funciona a rotina de produção das Donas, sempre buscando manter a credibilidade construída em quaro anos de vida: “Cada uma é responsável por sua coluna e tem liberdade tanto para a escolha de temas quanto para definir o gênero textual usado. Nossa regra principal é agir com bom senso em todos os sentidos: desde o nosso convívio, escolha e abordagem de temas e seleção de eventos dos quais participar”.

E na Copa do Mundo, na nossa casa, as meninas não perderam a chance de acompanhar tudo bem de perto. “Temos Donas da Bola espalhadas por diversos estados que recebem jogos da Copa, e algumas com acesso aos estádios. Nosso trabalho nessa Copa é focado na emoção, nos sentimentos causados por essa primeira Copa que temos a oportunidade de acompanhar no nosso país”, destaca Fernanda.

E haja emoção nesse Mundial! Até aqui, o Chile vem surpreendendo, com direito a eliminar a Espanha campeã do mundo; Messi fez gol, mas a Argentina levou sufoco da estreante Bósnia; a Costar Rica bateu Itália, Uruguai e eliminou a Inglaterra no Grupo D, o “grupo da morte”; e o Brasil não furou o bloqueio do goleiro mexicano Ochoa. Sobre a nossa Seleção, que luta pelo hexacampeonato, Eliane e Fernanda estão na torcida, mesmo discordando de algumas escolhas do técnico Felipão.

VÍDEO | Fernanda de Lima registrou a “ola” da torcida durante um dos cinco gols da Holanda sobre a Espanha, em Salvador. 


DEPOIS DO MUNDIAL | Com relação ao legado que essa Copa pode deixar no Brasil, Eliane critica: “É claro que ver um país com tantas demandas sociais investindo fortunas em estádios é revoltante, mas consigo diferenciar o esporte propriamente da discussão política. Na prática, sinceramente, não vejo grandes legados a não ser a memória de grandes jogos e o intercâmbio cultural que tem acontecido nas sedes”.
Fernanda acredita que, de todas as heranças que o torneio pode deixar no país, a maior será para o próprio futebol: “Uma Copa que, com as conturbações políticas, com obras inacabadas, tinha tudo para ser um fiasco, tem dado um banho de bola rolando. Os tais deuses do futebol estão nos abençoando e realmente fazendo dessa a Copa das Copas”. 
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Um comentário em “Elas em campo

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