RESENHA: Seleção mantém escrita, goleia Camarões e passa em primeiro


Brasil segue sem perder para africanos em Mundiais; sensação Chile é o adversário nas oitavas

Gustavo Ferreira
Neymar é decisivo na goleada do Brasil sobre Camarões. (Foto: Getty Images)
O Brasil chegou ao Estádio Nacional, em Brasília, pressionado por ainda não ter a vaga garantida às oitavas de final, enquanto seleções como Chile, Colômbia e Costa Rica já estavam na próxima fase. Mas um fato já podia ser considerado um bom presságio: o adversário era Camarões. A despeito de já estar eliminada, a seleção africana podia ajudar o Brasil a manter uma escrita. Ajudou. Nunca perdemos (sequer empatamos) com uma seleção da África em Copas. E não foi dessa vez que a lógica se inverteu.

Zaire, Argélia, Marrocos, Gana e Costa do Marfim, alpem dos próprios camaroneses já foram vítimas em Mundiais passados. E como na campanha do tetra, em 1994, nossa Seleção goleou o time de Eto’o (que nem jogou e talvez tenha se despedido das Copas). Goleou com convicção, bem disposta em campo e inteligente ao aproveitar as falhas do adversário. 4×1. Primeiro lugar no grupo A, vaga na mão.
O primeiro gol saiu dos pés do iluminado, criticado, decisivo. Maduro, Neymar abriu o placar aos 16 minutos de partida, completando grande jogada de Luiz Gustavo pela esquerda: roubou a bola na raça, correu e cruzou rasteiro, até a bola chegar no camisa 10. Sozinho, de frente pro goleiro, gol. Não era Ochoa. Amém!
Fred também se destacou na partida, com seu gol pra desentalar o grito e mostrar que está vivo na Copa. (Foto: Reuters)
Mas nada de euforia! Depois do gol, o Brasil fez minutos ruins, instáveis, deixando Camarões tocarem bola no campo de ataque, sem controle no meio. Depois de várias tentativas de bolas alçadas na área, o gol de empate saiu de uma bola não coberta por Daniel Alves na ponta. Nyom cruzou e Matip, sozinho, fez.
E só. Depois, os camaroneses apostaram na violência, e o Brasil, na categoria de um rapaz chamado Neymar. Argentina, fique com seu Messi, que nós temos o nosso cara! Ele recebeu a bola na frente da área, driblou e chutou, tirando do goleiro Itandje. Fim do primeiro tempo. Início do fim da aflição brasileira.
No segundo tempo, Felipão tirou Paulinho, que ainda não apareceu nesta Copa, e entrou com Fernandinho. Mudou o jogo. Mais movimentação, invertidas de bola e firmeza no meio de campo. Assim, foi mais fácil botar Camarões na roda. Até Fred fez gol! Cruzamento na área de Marcelo, o suficiente para o centro-avante desencantar.
A partir daí, começou a pressão… Do México. Em Recife, os mexicanos foram marcando, marcando, marcando. 3 gols na Croácia, e a liderança do Brasil estava ameaçada. A Holanda começava a pintar como adversária nas oitavas, Van Gaal e Felipão iriam se cruzar… Fernandinho não deixou. De bico, fez o quarto, sacramentou a goleada brasileira e deu à maioria dos 69 mil torcedores em Brasília (e aos 200 milhões de torcedores) a tranquilidade da liderança. Dever de casa feito. Estamos nas oitavas.
Fernandinho entrou e mudou a cara da Seleção: camisa 5 se mexeu, deu opções e fechou a goleada. (Foto: Reuters)
No centésimo jogo da Seleção Brasileira em Copas do Mundo, Neymar brilhou. Artilheiro da Copa com quatro gols, destaque do Brasil, revelação do mundial, eleito pelos torcedores no site da FIFA como o Homem do Jogo (pela segunda vez). Fernandinho decisivo, Luiz Gustavo valente, Marcelo bem na movimentação, Fred mais presente e a zaga mais uma vez bem também merecem aplausos.
Agora é mata-mata! Nas oitavas, o Brasil enfrenta a sensação Chile, segundo colocado no grupo B, às 13h de sábado, no Mineirão. O México, outro garantido no grupo do Brasil, vai enfrentar a poderosa Holanda, 100% na Copa. Esse jogo será domingo, às 13h, no Castelão. E se retrospecto der resultado, as expectativas podem ser das melhores pra nós: nos dois últimos encontros entre brasileiros e chilenos, duas oitavas (1998 e 2010) e duas goleadas: 4×1 na França e 3×0 na África do Sul.
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