Lado B

No aniversário do Paysandu, uma crônica sobre a arquibancada preferida dos campeões

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Foto: Gustavo Ferreira

O caminho é sempre o mesmo: de casa pro campo. Quanto mais perto eu chego de lá, mais eu chego perto das minhas memórias. Quantas vezes aquelas ruas? Quantas vezes aquele engarrafamento na Independência? Quantos outros como eu, vestidos de azul, branco e esperança?

São dias que não passam até a hora do encontro. Demora. Até que, quando o passaporte está nas mãos e o embarque é imediato, a ansiedade vira aflição. É como dizem por aqui: tem que ser com emoção. A emoção do gol aos 45 do segundo tempo, da improvável classificação que vira a surpreendente conquista, e até a dor do êxito que não vem. Aqui é assim.

Aqui, onde o tempo de uma vida se resume a 90 minutos. Onde a gente até esquece do resto e passa a lembrar apenas do que vê, do que sente. Afinal de contas, é sempre bom estar em outra realidade, um mundo paralelo, de vez em quando. E esse universo além da realidade pode ser chamado, no meu caso, de “lado B”.

B de bicolor, B de bicampeão brasileiro, B de Série B, onde estamos e a qual já conquistamos duas vezes. B de branco, que compõe, junto ao azul, o céu mais bonito. Aqui em Belém ele ganha a companhia do sol forte e da chuva que, quando nos damos conta, já está caindo. Foi o céu de Belém que assistiu de camarote o nascer e crescer de uma força da natureza amazônica: o Paysandu.

E dessa arquibancada, quantos milhões viram essa força tomar o Estado, o país, o continente. Daqui o povo viu e foi visto, nas vitórias e nas derrotas. O povo se fez torcida e brilhou, empurrou o time, chorou, gritou, ganhou e perdeu.

Ficamos mais fortes vendo outros brilharem. Doeu, mas quantas dores fazem o vencedor? Seja de Brasília, de Salgueiro ou de Macaé… Tudo bem. Nossa história tem glórias que ninguém nesta região conseguiu. Fomos nós que vestimos a camisa para torcer, daqui, para nosso time numa Libertadores. Fomos nós o clube Campeão dos Campeões.

Somos nós os maiores campeões. Somos nós os privilegiados que vemos e fazemos a história do esporte na Amazônia daqui, desse lado da arquibancada. A cadeira cativa é nossa, e aqui vamos permanecer em todas as lutas, em todos os momentos, porque a nossa paixão topa qualquer parada. É feita sem defeitos.

GUSTAVO FERREIRA, 22, torcedor do Paysandu.

BELÉM 400_Contagem Regressiva PAYSANDU

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