Cantora lançou hoje seu primeiro EP online, com várias referências que construíram sua trajetória.
Gustavo Ferreira

Um passeio sonoro do amor à crítica, da doçura ao furor, do regional ao universal. Essa é apenas uma definição possível para o trabalho que marca uma nova etapa na carreira da cantora e compositora Liège: o primeiro EP da carreira, “Filho de Gal”, lançado hoje no Deezer [CLIQUE AQUI PARA OUVIR]. São quatro canções autorais que abrem o leque de referências da paraense, como Lenine, Paulinho Moska, Elis Regina e Gal Costa – daí o nome do projeto.
O EP foi feito em Belém e São Paulo, com direção musical de Dan Bordallo , e lançado pelo selo Na Music, tradicional em projetar novos artistas da terra para o sucesso. Liège tem no sangue a música, e nos últimos anos vem se firmando na cena musical de Belém com trabalhos como o single “Toute La Vie” (2013), em francês, apenas um exemplo de sua versatilidade, que em “Filho de Gal” alcança um patamar definitivo, na construção de MPB com pop rock e carimbó. Forte em todos os sentidos, o disco bota pra fora as intensidades criativas da cantora, nos versos e nas notas pesadas. Até mesmo a doçura de algumas canções vem com a força do sentimento, seja ele o desejo ou o bom humor.
A primeira música, Gira sois, dá o cartão de visitas de uma Liège mais romântica, seduzida pelo brilho dos olhos de um rapaz, a quem ela pede “um pedaço desse seu destino”. É uma balada com metais que se misturam às batidas do carimbó e transformam o rock numa canção de roda, para dançar mesmo.
GALERIA | Liège
Depois a experiência segue com Cabelo, e aí vem a menina que se diverte citando Ronaldo, Wilson Simonal, Sansão e outras referências capilares, famosas ou não. Com essa brincadeira de contar uma crônica capilar, Liège se coloca a favor, acima de tudo, da liberdade de expressão, de ser o que se quer. Essa mensagem fica bem clara em versos como “Cabelo bom é cabelo seu”, “Desamarre e deixe o bicho solto” e “Desapegue, deixe ele voar”.
Em Chega-te a mim ouvimos a Liège mais doce. Somos envolvidos pela chuva da tarde e pela vontade de estar perto de quem se ama, “pra fazer bagunça de amor”. Um apelo singelo pelo aconchego, pelo abraço, por “não ter pressa nenhuma”. Uma declaração de amor e bem querer, que acalenta os ouvidos e nos deixa preparados para a apoteose…
Filho de Gal é o grande momento do EP homônimo. São nesses cinco minutos e quinze segundos que Liège bota pra fora som e fúria contra preconceitos, estereótipos, e transgride todos eles. O nome da faixa é inspiração clara na cantora Gal Costa, em sua vida e obra sem pudor e sem amarras. Liège traz esses sentimentos e mistura com guitarras sujas e pesadas, sua voz agressiva e versos que colocam o ser humano como o dono de sua própria história, de sua própria voz: “Vai ecoar o meu grito para além do infinito, e você vai ouvir”. E vamos mesmo, Liège. Já estamos.
Liège também está no Facebook e tem um Site Oficial.
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