Universitários buscam apoio na web para A Besta Pop

Estudantes de Cinema e Audiovisual da UFPA fazem campanha de crowdfunding para produzir o longa metragem

Gustavo Ferreira

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Arte: Max Andreone

Em um futuro próximo, o ocidente será governado por um grande governo totalitarista. Muitos acreditam ser o cenário que antecede o apocalipse. Nesse contexto, três histórias se relacionam e acabam no melhor lugar para estar no fim do mundo: a festa A Besta Pop. Essa seria a sinopse de locadora do futuro longa metragem paraense, realizado por estudantes de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Pará. Só que ele é mais que um filme. A produção representa muito para o cinema do Estado, que busca passo a passo conquistar terreno, salas, telas.

E quem caminha em grupo vai mais longe. Por isso, o roteiro de A Besta Pop é uma criação coletiva, que nasceu de uma espécie de concurso entre as turmas do curso da UFPA, promovido pelo coletivo Inovador Talvez Filmes, composto de outros estudantes. Assim os criadores conseguiram escrever um “Evangelho Pop, com cada capítulo e versículos tendo tons dramáticos, divertidos e ousados. Será uma grande experiência tanto para quem está fazendo o filme, quanto para quem assiste”, dizem os produtores executivos do filme, Tamires Cecim e João Luciano Martins.

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Equipe da Inovador Talvez Filmes. (Foto: Divulgação)

Para que a história saia do roteiro e vá para as telas os universitários abriram uma campanha de crowdfunding – financiamento coletivo online – para captar R$ 10 mil até o dia 30 de junho. [CLIQUE AQUI PARA VER A PÁGINA DA CAMPANHA NO CATARSE] Até o fechamento desta matéria 73% da meta já havia sido alcançada. De acordo com Tamires e João, “na nossa região, assim como em outras do Brasil, dependemos de editais pra fomentar (ou iniciar, no nosso caso) o mercado de audiovisual e o crowdfunding pode ser uma alternativa para fomentar a produção de quem ainda não tem produtora ou experiência com projetos”.

 A Besta Pop pode ser uma história sobre o fim, em vários sentidos. O fim dos tempos, da vida, da opressão, dos padrões, da sanidade – ou da loucura. Em 24 horas as três linhas narrativas principais se cruzam em uma festa, que dá nome ao filme. O que vai acontecer ninguém sabe. Todo esse universo surrealista, frenético e atemporal vai ser construído com base em filmes como Akira (1988), Blade Runner (1982) e Mad Max (1979), com explicam Tamires e João Luciano: “Fomos buscar nos anos 80 uma estética retro futurista, em filmes distópicos da década, com contextos políticos como ditadura e guerra fria. Uma espécie de futuro que repete o passado”.

PLAY | Vídeo sobre a campanha de crowdfunding de A Besta Pop

Essa não é a primeira produção do Inovador Talvez Filmes. Ele faz parte da chamada “trilogia da vala”, pelas palavras do grupo. Os dois outros componentes dessa tríade, os curtas Hue (2013) e Príncipes no Exílio (2015), também tinham como protagonistas as inúmeras questões da juventude, do caos urbano às inseguranças e medos.

No início, A Besta Pop seria mais um curta metragem, mas eles decidiram expandir o projeto, apostando em tecnologias mais baratas, portáteis e acessíveis, como grande parte do audiovisual local é feito. “A produção cinematográfica vem passando por uma transição. Com o avanço tecnológico, vários modos de produção de filmes estão ganhando forma. Dos mais caros, com câmeras sofisticadas até o realizado com a câmera do celular”, como destacam os produtores executivos do projeto. Assim, as formas de captação, distribuição e acesso às obras também se transformam.

Aliás, o cinema e o audiovisual paraenses parecem mesmo precisar de mudanças. Um Estado onde Líbero Luxardo fez história com o clássico Um Dia Qualquer. Um Estado com a sala de cinema mais antiga em funcionamento do país, o Cinema Olympia. Um Estado que nas últimas décadas revelou cineastas como Jorane Castro, Roger Elarrat, Fernando Segtowick, e que tem na produção de curtas metragens seu grande celeiro, com festivais universitários importantes pra cena. Mesmo com as mais recentes produções audiovisuais de qualidade, ainda é preciso caminhar. Tamires e João concordam:

“Quando se fala no Pará não se pensa em cinema próprio da região. Esperamos que, com o longa que será lançado por Jorane Castro e com a implementação do curso de bacharelado em Cinema e Audiovisual na UFPA, assim como iniciativas parecidas com a nossa, essa realidade comece a mudar. E que outros realizadores se inspirem a produzir cada vez mais e formemos uma cena audiovisual forte como Recife e Porto Alegre têm”.

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