Representatividade negra na tela do Festival Osga

Coletivo vencedor dos grandes prêmios na edição do ano passado traz discussão sobre os negros no cinema em nova produção

Gustavo Ferreira

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Abigail (à esquerda) é protagonista de Pretas, filme concorrente ao Osga 2016. (Imagem: Divulgação/Invisível Filmes)

Essa matéria começa com um exercício de memória: lembre-se do máximo de heróis e heroínas do cinema. Lembrou? Agora responda: quantos ou quantas têm a pele negra? Questionar a presença do negro nas telonas, discutir representatividade, preconceitos e quebra de estereótipos, todos esses elementos foram inspiração de Pretas, o filme do Coletivo Invisível para o Festival Osga 2016, que começa hoje (24) em Belém.

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Pôster de Pretas. (Imagem: Divulgação/Invisível Filmes)

Com roteiro de Hian Denys, Othon Montalvão e Lucas Moraga, que também assina a direção, o filme é protagonizado por Abigail (Rosilene Alves), uma pugilista que se desdobra entre a criação da filha pequena, o desafio de vencer na carreira e a dura realidade que é ser mulher e negra no Brasil e na Amazônia. E inspirações não faltaram para a construção da saga de Abigail. “Tivemos muitas inspirações, desde o discurso do prêmio da atriz Viola Davis no Emmy de 2015 até clássicos que marcaram esse ponto importante da representatividade negra no cinema. Contudo destaco um trabalho que foi uma enorme porta de inspiração para nós: o filme DEUS, curta-metragem inédito dirigido pelo paulistano Vinícius Silva que retrata a rotina de uma mulher preta e suas vivências diárias junto com seu filho”, conta Lucas.

Pretas é um projeto de afirmação social, e não deve parar apenas na exibição no Festival Osga, marcada para amanhã, dia 25. O filme é um piloto da websérie que o Coletivo Invisível quer produzir sobre o tema. Na verdade, no que depender da equipe do filme, esse debate não deve parar em momento algum. O jovem cineasta defende a criação de políticas públicas de valorização da presença do negro no audiovisual como protagonista do seu lugar de fala, fugindo dos lugares comuns – quase sempre desfavoráveis: “A mentalidade já calcificada da sociedade cria vendas nos olhos e faz com que muitos desvalorizem nossa luta. O ideal seria respeitar, apoiar e dar o lugar de fala para os que os têm de fato”.

Histórico

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Lucas Moraga. (Foto: Adriana Rente)

Lucas Moraga já tem uma breve – e vitoriosa – experiência com o Osga. Em 2015 ele dirigiu o curta Pôr da Terra, que venceu cinco prêmios, incluindo o de Melhor Filme, e também recebeu outros reconhecimentos em festivais Brasil afora, como o prêmio de Melhor Filme Universitário no Festival de Audiovisual de Belém (FAB). “O grande ‘segredo’ é nunca parar de produzir. É algo que mantenho em minha mente desde sempre”, diz Lucas.

O jovem enxerga em espaços como os festivais importantes oportunidades de construção de uma verdadeira cena audiovisual amazônico aqui no Estado: “Esses momentos ajudam no sentido de provocar uma espécie de despertar em quem nunca teve a oportunidade de fazer algo nessa área ou aqueles que já faziam mas não tinham onde expor. Promove debates, vivências, troca de conhecimentos, ansiedade e pensar de forma estratégica, enfim, cria uma cena verdadeira de que em nossa região fazemos audiovisual e o fazemos bem”.

PLAY | Pôr da Terra (2015, Dir. Lucas Moraga)

Osga 2016

“Sob a Chuva” é o tema da 13ª edição do Festival Osga, que começa hoje em um formato mais abrangente, aberto a produções universitárias do Pará e de outros Estados. Entre hoje e domingo (27), a sala do Cinema Olympia estará aberta novamente para a exibição de 26 filmes, nas categorias Vídeo Publicitário, Vídeo Minuto, Vídeo Arte, Minidocumentário e Ficção. Além disso, há uma nova categoria, “Osga na Escola”, que reconhece filmes feitos por estudantes do ensino médio. A programação ainda conta com o lançamento do livro 100 Melhores Filmes Brasileiros, da Associação Brasileira de Críticos de Cinema, hoje às 16h30. Tudo de graça nos dias 24, 25 e 26. A premiação será realizada no dia 27, e os ingressos serão distribuídos amanhã, sexta-feira, às 12h no estúdio de TV do LabCom da Unama Alcindo Cacela.

Para ver a programação completa, clique aqui.

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2 comentários em “Representatividade negra na tela do Festival Osga

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