Para valorizar a ideia

Belém recebe o I Encontro Amazônico de Economia Criativa, e o Repórter E conversou com a coordenadora geral do evento, Lorena Saavedra

Gustavo Ferreira

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Belém vai ser, nesta semana, a casa para discussões e compartilhamento de ideias sobre um tipo de mercado que valoriza a inovação, especialmente a humana. O I Encontro Amazônico de Economia Criativa, que será realizado nos próximos dias 22 e 23 de junho, vai reunir profissionais da área e gente interessada em investir em economia criativa, pra discutir novas propostas para fomentar o mercado aqui e na região. A coordenadora geral do evento é a produtora cultural Lorena Saavedra, que já atuou em projetos como o BoulevArte, aqui em Belém, e também trabalho na Bahia. O Repórter E bateu um papo com ela sobre o evento e também, claro, sobre economia criativa.

REPÓRTER E: Lorena, com tua experiência profissional e de vivências, aqui e na Bahia, como tu podes definir “economia criativa”?

LORENA: Eu acredito que economia criativa é a valorização da ideia, a valorização da capacidade humana. E isso que o universo tá implorando que aconteça. Tudo é feito pelas mãos humanas: uma roupa artesanal, um carro… Por mais que os recursos tecnológicos estejam super avançados hoje em dia, a capacidade que a gente tem para desafogar essa crise é valorizando as pessoas, valorizando a criatividade humana.

REPÓRTER E: A Amazônia é um painel de várias referências e, dentro delas, várias oportunidades de empreender. Como esse evento pode contribuir nisso?

LORENA: O evento vai contribuir no sentido de informação, da gente entender a dinâmica da economia criativa de Belém. Vamos ter um espaço para que a gente apresente diversos projetos, e isso faz com que as pessoas conheçam novas possibilidades. Possam abrir seus horizontes mentais, para sair daquela mentalidade “dentro da caixa”, e criar novas possibilidades de realizações de projetos, de iniciativas. O evento tem como princípio mor a colaboração, para que as ideias das pessoas fluam, ideias criativas, ideias de parceria, de colaboração. O encontro contribui nesse sentido.

Foto Lorena_Divulgação
Lorena Saavedra. (Foto: Acervo Pessoal)

REPÓRTER E: Como tu avalias o mercado de economia criativa aqui de Belém? O que tens a destacar, de positivo e de negativo? O que pode melhorar?

LORENA: O Estado deveria olhar mais para isso. As iniciativas públicas e privadas deveriam dinamizar e colaborar mais, assim poderíamos fomentar mais feiras, mais oportunidades para todo mundo.

O empreendedor criativo é um músico, ele é um ator, é uma atriz, é produtor cultural, são os técnicos de som… É tudo uma indústria, e se a gente não conseguir oportunizar iniciativas onde essas pessoas possam trabalhar, possam atuar e receber seus dinheiros, a gente fica muito engolido.

Entretanto, acima de tudo, não é somente cobrar das iniciativas públicas, mas o mercado também precisa se unir mais. As pessoas precisam se conhecer e se reconhecer como cidadãos criativos. As pessoas podem e devem se unir e fortalecer isso, mesmo sem tantas verbas. Então em Belém ainda falta esse olhar.

Por exemplo, o Governo tem um projeto muito bom, que é o Pará2030, onde eles dividem vários setores de dinamização e iniciativas econômicas. E não tem nada nesse projeto em relação à economia criativa, não tem nada em relação à cultura. O que tem que melhorar mesmo, de fato, é o olhar do poder para com a cultura, para com a economia criativa, no sentido de reconhecer esses setores como setores de desenvolvimento para a cidade. Reconhecer a possibilidade de novos negócios, de negócios criativos.

É preciso quebrar essa ideia de que quem trabalha é somente a pessoa que acorda cedo e chega no emprego para bater ponto. A dinâmica hoje é outra, e o poder publico precisa enxergar isso melhor, o que melhoraria a vida de muita gente.

REPÓRTER E: Na programação há dez áreas, os “setoriais criativos”, que nortearão as discussões e a mostra de projetos nos GTs. O que motivou a escolha desses setoriais?

LORENA: Então, a escolha das setoriais foi feita por um grupo. Eu, o Thiago Kunz, que é da tecnologia, o Edinho Guerreiro, que é da música, e outras pessoas, pensamos no início em quatro ou cinco setores criativos, que eram as áreas que nós, do Coletivo Amazônia Criativa, estávamos envolvidos diretamente.

Mas, a gente começou a perceber que precisávamos falar também de outras áreas aqui de Belém. A gente precisa falar do design, da moda, da gastronomia, da dança, do teatro. O que motivou mesmo a escolha desses GTs foi o olhar que a gente tem para a cidade.

A equipe que trabalha no evento é da área da cultura, da área da economia criativa. Eles vivem isso na prática. Então, a gente acabou sentindo a necessidade de fechar essas dez setoriais e falar sobre elas, Convidando várias pessoas, que são técnicos na área, que estão nessas áreas de atuação, para que eles conduzam os GTs. Eles vão apenas conduzir, não é um encontro acadêmico, não tem um norte academicista. É um encontro onde as pessoas vão poder aprender uns com os outros, através da troca de ideias, da troca de experiências.

Equipe
Equipe de produção e coordenadors de GTs do Encontro. (Foto: Divulgação/Facebook)

REPÓRTER E: Sobre os convidados para coordenar os GTs, quem destacas? E como a organização chegou a esses nomes?

LORENA: Sobre os convidados dos grupos de trabalho, eu destaco o Vitor Blanco que é de arquitetura. Eu percebo que o GT de arquitetura está com uma discussão bem fortalecida sobre o espaço público, umas ideias muito bacanas sobre a cidade os espaços. O GT de música também tem o Edinho, a Lorena Alves e o Marcel Arede. O GT de design que tem o Júnior Oliveira, também está muito legal.

A Ursula Vidal e a Lorenna Montenegro estão na coordenação do audiovisual, que também está maravilhoso. A escolha por essas pessoas teve muito o meu dedo, porque eu convivo com muitas delas e sei da capacidade que elas tem, mas também foi muito por indicação da equipe. Foi uma escolha muito conjunta de sugestões. A equipe de trabalho do projeto tem vários artistas, pessoas que estão diretamente no meio, como a Renata Del Pinho que é cantora e está na produção, tem estudantes que estão vivenciando a cidade…

REPÓRTER E: Neste cenário de dificuldades econômicas, aumento do desemprego, inflação ainda em alta, poucas perspectivas… Investir na Economia Criativa tem qual importância, para que a gente reverta essa conjuntura ruim? 

LORENA: Investir na economia criativa, hoje, é o papel fundamental do Estado e do poder. É a saída para toda essa crise, porque investir em economia criativa é investir em pessoas, na capacidade de ideias, na capacidade criativa.

As empresas, às vezes, não te dão oportunidade de investir, elas te dão uma tarefa e você tem que executá-la e pronto. Elas não exploram o teu lado criativo. Se a empresa tá em crise, ela não te permite ter novas ideias pra superar a crise, pelo contrário, elas fazem corte, dizem: “olha, você tem que desligar a luz, você não pode tomar muita água…” Elas impõem uma série de regras para economizar, mas não estimulam para que os empregados deem suas ideias, não investem na capacidade criativa das pessoas. E as pessoas acabam não conseguindo sair de sufoco, sair de crise, nem nada. Então, a economia criativa vem para valorizar o pensamento das pessoas, para valorizar a ideia.

“É preciso quebrar essa ideia de que quem trabalha é somente a pessoa que acorda cedo e chega no emprego para bater ponto. A dinâmica hoje é outra” (Lorena Saavedra)

SERVIÇO | I Encontro Amazônico de Economia Criativa

Datas: 22 e 23 de junho de 2017
Local: Oficinas Curro Velho (Av. Prof. Nelson Ribeiro, 287, Telégrafo)
Entrada: R$ 50 (profissionais) / R$25 (estudantes) / R$ 10 (programações culturais)
Inscrições e mais informações no site do evento

 

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