Crew das Minas V feat. Matinta promovem grafitti, break dance e hip hop na Matinha, em Belém. Amanhã tem ação.
Gustavo Ferreira

O concreto cinza de Belém vira tela. A arte é imagem, som, letra e responsabilidade social. O resultado é uma mobilização de hip hop que espalha cores e cidadania, para todas as gerações, na comunidade da Matinha. Esse é um resumo da união de dois projetos: Crew das Minas V feat. Matinta, que desenvolvem atividades de grafitti, dança urbana e música na periferia da capital paraense. E o pano de fundo disso tudo é a inclusão.
“O hip hop é uma cultura de rua, original do gueto, que utiliza arte como ferramenta de inclusão social e transformação. Ele tem a responsabilidade de falar, através das diversas linguagens, a realidade do povo da periferia proporcionando reflexão, com o objetivo de expressar sentimentos através da arte no combate à violência, por uma cultura de paz”, explica Natália Azevedo, a MC Nat, que faz parte do Crew das Minas.

Os grupos desenvolvem ações anuais na Matinha, no bairro de Fátima, reunindo DJs, MCs (Mestres de Cerimônia), dançarinos de break dance e artistas do grafitti, promovendo também oficinas para crianças e jovens, ajudando a revelar e aperfeiçoar talentos artísticos, além de promover uma espécie de ativamento social dessas pessoas no mundo. Um mundo mais colorido, graças ao grafitti.
Pra fazer os eventos acontecerem é preciso engajamento voluntário. Cada um leva sua lata de spray, sua pick up, seu som, e assim surgem os eventos. Mesmo com apoios pontuais de empresários, a batalha é suada para espalhar a ideia a outras praças, como diz Nat: “Gostaríamos muito de circular com o projeto em mais comunidades, para isso estamos incluindo o Matinta nos editais, pois não temos apoio financeiro, tudo é feito na raça”.
Amanhã (05) é dia de mais uma ação. A partir de 10 no Ateliê do Will (Pass. Boaventura da Silva, entre Castelo e 14 de Abril) haverá de oficina de graffiti com Will BTC a aulas de Break Dance, com Thayssa Cristina, “que participa um projeto lindo na comunidade da Vila da Barca, o Instituto Vila da Barca, onde ela ensina crianças e jovens a dança de rua, ocupando uma parte do tempo deles com mensagens de paz através da arte”, destaca Nat. VEJA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA AQUI.
CREW DAS MINAS
Formado por Thais Badu, Kah Pimentel, Dj Luly, Dj Déia e a MC Nat, o grupo se consolidou no ano passado, e tem como objetivo principal estimular o empoderamento feminino, não só na música. Em todas as áreas, todos os dias. “Num espaço antes dominado só por homens, hoje é uma vitória o espaço alcançado com o projeto”, reforça a MC. Assim, elas já tocaram em diversos eventos, como na abertura do show do Planet Hemp em Belém, e na Virada Cultural de São Paulo neste ano. No dia 18 o grupo vai abrir o show da cantora Karol Conká, no Festival Ambientar, com a crew TQSS.
PLAY | Que Lombra (2017), de Crew das Minas
Para Nat, a inspiração do Crew “são as mulheres empoderadas que vem realizando trabalhos lindos pelo país, a conexão com as manas daqui de Belém também que cantam outros ritmos como rock, carimbó, como a Nanna Reis, Lari Xavier, Liège… Para fazermos novos sons, pois achamos que juntas somos mais fortes e conseguimos passar a mensagem para mais pessoas”. Essa mensagem, nas letras, combate às formas de opressão, como o machismo, trazendo um retorno bastante positivo de homens e, especialmente, de mulheres.
No fim das contas, o que representa tudo isso? Natália, ou melhor, MC Nat diz: “Representa a união, o crescimento do movimento hip hop, integrando diversas crews de toda a cidade. É um encontro de amigos com o mesmo propósito, fazendo música, fazendo arte como diz a nossa música Nós que brilha: ‘Não queremos segregar, queremos é unir, então chega na fita, cola junto e vem curtir’”.
