Cantora paraense lança segundo disco, Ponto de Mira, mais eletrônico e próximo da urbanidade de São Paulo, sua casa desde 2012
Gustavo Ferreira

A rabeca está ali, os verbos em segunda pessoa e o sotaque estão ali, mas o som de Luê estilhaça quaisquer fronteiras. Suas raízes permanecem, pois toda árvore que cresce precisa estar bem fincada, e essa árvore cresceu. O som da menina paraense ganha novos rumos em seu segundo disco, Ponto de Mira, lançado no início de novembro em várias plataformas digitais (Spotify, Deezer, iTunes, Google Play e Napster).
Muito dessa expansão musical de Luê vem da sua mudança de ares. A cantora passou a morar em São Paulo há cinco anos, e essa experiência rendeu inquietações e muitas novidades. Ponto de Mira, produzido por Zé Nigro e lançado pelo selo Natura Musical, traz notáveis diferenças em relação ao A Fim de Onda (2013), primeiro disco dela. A voz aveludada, quase sussurrada de Luê, continua gritando sensualidade, e as batidas ritmadas continuam chamando pra dança, mas agora esse som tem mais intervenções eletrônicas. Tudo a favor de uma boa experiência.

São dez canções, onde as letras parecem nos envolver com histórias de amores e delírios, saudades e descobertas. Em “Esse Amor” e “Cheiro da Saudade”, primeira e segunda faixas do disco, Luê já revela um frescor musical sem perder a essência sedutora. “Chega Logo” vem depois e é a mais dançante do CD, trazendo um zouk metalizado. Depois vem uma ode ao amor contemporâneo em “Já Sei” – com um refrão que diz “Sou a favor de ti. Sou a favor da vida. Sou contra qualquer coisa que nos divida”. E “É Cedo”, pra dançar coladinho, mais intimista, lembrando um clima de bolero.
“Calma (N’ Soul)”, sexta faixa do disco, já é mais marcada pelos sintetizadores, e na sequência “Sete Saia” é a mais paraense das faixas, com direito a uma bela guitarrada. “Patuá” mostra mais da versatilidade de Luê e sua banda, quando pisa no território do reggae. “Sweet Solitude” é um manifesto sobre como a solidão pode ser doce – “e o meu caminho eu mesma invento”. E em “Declive”, décima e derradeira canção do Ponto de Mira, Luê fala de corpo, seus limites, poros e lágrimas, curvas, declives. E, como se quisesse deixar uma mensagem de que continua com suas raízes bem fincadas em sua história, as últimas impressões sonoras são das cordas que a acompanham desde o início, aqui em Belém.

E é em Belém que Luê vai lançar o seu Ponto de Mira com um grande show. O palco do Teatro do Sesi vai receber a cantora e sua banda nesta sexta-feira (24), a partir de 20h30, para apresentar sua nova verve musical. Um som que nos leva em uma viagem por sensações a cada acorde da rabeca, ou novo beat sintetizado. Luê mirou na renovação – e acertou em cheio.
SERVIÇO | Show de lançamento de Ponto de Mira, de Luê, em Belém
Data: Sexta-feira, 24/11/2017
Hora: 20h30
Local: Teatro do Sesi (Av. Almirante Barroso, 2540, bairro Marco)
Ingressos: R$ 20 (vendas online ou na bilheteria do teatro – terça à sexta, de 9h às 18h)
Mais informações: 99991-4300