Com segundo tempo matador, Brasil vence o México (de novo) e se garante nas quartas-de-final
Gustavo Ferreira

Eram quase vinte minutos do primeiro tempo em Samara. Os mexicanos, em bom número nas arquibancadas, encheram o peito e começaram a gritar “olé”, enquanto a seleção deles trocava passes com espaço e facilidade no meio campo. O México realmente jogava melhor, e chegava a dominar as ações contra um Brasil que parecia desorganizado. Mas a torcida esqueceu de apenas um detalhe: faltava um jogo quase inteiro. Resultado: Brasil 2 a 0.
A empolgação dos mexicanos até era justificada. William voltava a jogar muito preso, errando cruzamentos e não conseguindo se infiltrar no ataque pela direita. Novamente o jogo era pelo lado oposto, com Filipe Luís titular e Neymar concentrando a marcação – e as faltas. A diferença é que dessa vez o camisa 10 buscou mais jogo, e teve até liberdade para toques de primeira. Assim a Seleção conseguiu crescer no jogo na segunda metade do primeiro tempo, e daí não perdeu mais o controle.
No segundo tempo esse controle virou gol. E logo cedo. E logo saindo dos pés do questionado William, que aos 5 minutos cruzou muito bem uma bola para Neymar abrir o placar, de frente pro gol, sem goleiro. Aliás, Ochoa fez mais uma boa partida, com defesas importantes, mas não o suficiente para impedir a derrota.

Aqui é preciso valorizar o crescimento de William. Sem fazer boas atuações no Mundial, chegou a ser substituído por Douglas Costa contra a Costa Rica, hoje não começou bem, mas deu a volta por cima e teve uma atuação digna do seu futebol no Chelsea. A assistência para Neymar foi apenas o primeiro de vários lances de efeito do camisa 19 no segundo tempo. Gabriel Jesus também merece elogios pela entrega na busca da bola e até ajudando a marcação – setor onde ainda tivemos problemas com Fagner, mas nada grave. Thiago Silva resolveu com lealdade e brilhou também.
O Brasil tentou, insistiu, foi mais time e, no fim do jogo, uma jogada com dois jogadores que estavam no banco: Fernandinho roubou uma bola dividida no meio de campo, tocou pra Neymar em profundidade, que cruzou pela esquerda para Roberto Firmino fazer seu primeiro gol em copas. Estava selado nossa terceira vitória seguida na Rússia pelo mesmo placar.

Eram noventa minutos de jogo, mais acréscimos. Foi a vez dos vencedores comemorarem mais uma classificação. Foi a vez de rir por último, aumentar a freguesia mexicana – em copas já são quatro vitórias e um empate em cinco jogos – e celebrar a vaga nas quartas-de-final. Os mexicanos pararam onde sempre empacam, e não teve torcida que desse jeito no futebol pouco criativo e muito agressivo do México. No fim das contas, o “olé” foi nosso.

Neymar cresceu. Fez seu grande jogo na Copa, deu bons passes, fez um gol e uma assistência para Firmino. Mesmo caçado – como sempre – ele conseguiu espaços e, com justiça, mereceu o prêmio de “Man of the Match”, o homem do jogo, pela FIFA.
Agora o Brasil espera o vencedor de Bélgica e Japão, que se enfrentam hoje. A partida das quartas-de-final será na próxima sexta-feira, dia 6, em Kazan, às 15h.